11 de dezembro de 2010

Ele abre o armário onde ficam os vinhos, e não oferece sequer um gole.

Na casa de Joana é que eu e Ane nos metíamos aos sábados. Lá, todas nos tecíamos palavras e concluíamos cada pensamento sem dar-nos conta do tempo. Falávamos de coisas cotidianas naquela mais uma tarde de sábado, enquanto fazíamos a unha, sentadas eu e Joana no sofá, Ane estava no chão, contando mais uma de suas histórias que sempre nos entretia.

- ... foi então, queridas, que peguei o safado na minha cama com outro homem!
- Qual safado ? - eu pergunto, um tanto dispersa.
- Ah, Francis! Preste atenção! Era o Fabrício, alto, magrinho e fumante que conheci no mês passado.
- É que são tantos safados de quem sempre você fala, que é fácil nos confundirmos- diz Joana, que até então estava quieta.
- De fato são- afirmou Ane - não quero me apegar a nenhum mesmo, pensar assim não me faz uma prostituta de esquina, faz ?
- Hahaha, provavelmente não.
- Enfim, até gostava dele, mas... Já suspeitava que comíamos da mesma fruta.
- Bom- eu digo- E o que você fez quando pegou os dois ?
- Minha vontade foi de jogar água quente no pinto de ambos, mas fechei a porta, esperei que saíssem, sem dizer uma palavra. Quando de noite, mandei um torpedo dizendo '' acabou ''. Não vi outras opções do que fazer.

Naquele momento Joana passava uma linda cor escarlate em suas unhas dos pés, que combinavam com sua pele branca e lisa, faziam par também com seu cabelo ruivo. Ane já era o oposto de nós duas, possuía um olhar vivo e atento, cabelo curtos e loiros, bem claros, que refletiam o sol de meio dia quando saíamos juntas. Era alta e proprietária de um lindos par de seios e pernas.

- Francis, você não enjoa de blues ? - Perguntou-me Ane.
- Fala do cabelo ou música ?
- Seu cabelo, é claro.
- Não.

Eu tinha cabelos azuis, que naquela tarde, pareciam mais coloridos que antes, quase não se percebia que precisavam de outra mão de tinta. Deveria ser a iluminação.

- Não enjoaria de meu cabelo assim tão fácil, Ane.
- Sei. Porque está tão distraída hoje ? Por acaso a noite foi boa ontem, e esqueceu de contar para suas duas únicas companheiras que conhece ?
- Porque pra você as coisas sempre tem que ter homem no meio ?
- Não, Francis querida, eu não coloquei o sexo masculino uma vez sequer nessa minha pergunta.
- Anh ... Desculpe, Ane, só não dormi bem.
- Entendo querida, mas o que me resta entender ainda mais nessa sala por hoje, é o fato de nossa amada Joana, nossa falante Joana, estar tão quieta e reservada. Vamos, Jô, fale da última trepada que deu esta semana! Haha, dessa vez se trata de homem, e eu assumo.
- Ah, Ane, você consegue ser menos... Você ? hahaha - digo eu, por saber que Ane é Ane.
- Diga, Joana, queremos eu e Francis saber tal quietude.
- Não é nada, sabe ... São só sonhos que volta e meia retornam para me assombrar.
- Aquela macumbeira que recomendei não funcionou, querida ? hahahaha
- Por favor, Ane, quieta - novamente digo eu.
- Tudo bem. Então ... Joana, o que terá sido dessa vez ? Posso fazer brincadeiras, esse é meu jeito, mas meu bem, seus sonhos me preocupam.
- Sério ? Porque ?
- Deveria não me perguntar porquê, gostaria muito que você pudesse ter noites de sono em paz, afinal, em seu rosto, posso notar e dizer que não se conta a dedo as noites em que não dormiu. Amor, conte- nos, o que se trata dessa vez ? Não venha com holocaustos, e pessoas morrendo desordenadamente, se não lhe digo para procurar uma clínica, como fiz da última vez.
- Ah, Ane e Francis, receio que dessa vez, não deverá ter sido sonho.
- Então alucinações ? - pergunto.
- Tão pouco, ou com certeza. O diabo em minha frente, quente e pronto.
- Ora, então será um delicioso sonho! Nada de ruim- diz Ane - Certa vez sonhei com tal senhor, era loiro e possuía um lindo par de olhos vermelhos, que clamavam por mim, deu uma chicotada e me levou para outro mundo, se é que me entendem.
- Não, querida, dessa vez foi diferente, quem me dera que fosse como o seu. Era ele, em carne, osso e chamas, em minha cozinha. Acordei, digo, levantei pela madrugada, para apanhar um copo de água, como normalmente o faço, e quando notei, ele estava lá, ao lado da geladeira, com o rabo pontudo balançando para lá e para cá, possuía chifres cerrados, cabelo sedoso e grande, amarrado completamente para trás, um cavanhaque negro também rodeava sua face. Era horrível a forma como me olhava! Encarava toda a parte que meu corpo possui, e nada fazia, apenas mirava.
- Certo, digamos que talvez seja verdade, o que passou a diante ?
- Clamou por meu nome, perguntou se portava vinho em meu armário, e sem permissão, abriu uma das muitas garrafas existentes e colocou em um copo, sem me servir, somente para si. Inerte em sua frente, eu não sabia o que fazer, não era sonho, tinha certeza disso, era minha cozinha, podia sentir o chão gelado nos meus pés, e escutava o som que a respiração dele, do Demônio. Ele parou e caminhou até mim, chegou perto e começou a falar. '' Você não deveria dar ouvidos a tudo o que falam. Nem todas as verdade são absolutas, e eu não sou de todo mal. É engraçado esse respaldo que você humanos criam, de certo ou errado, de sempre ter uma penitencia para algo, e eu estar envolvido nessa novela. Digo, sou só um alguém que cumpre trabalhos, pequena JôAriel ? ou Raphael ? Porque Lúcifer ? Só porque caí do céu, como vocês mesmos dizem ? Ou simplesmente não me deram e criaram todos os artifícios humanos que vocês tem, para me fazer inferior aos  outros e ainda superior a vocês ? Essa noite é tudo o que vim falar para você, pequena Joana, principalmente para você, que todos os dias reza para que as tentações do Diabo fiquem por longe de sua alma. Que mundano, senhorita, que mundano, digo em sua frente agora que não, não haveria de querer. Boa noite, e beba esse resto de vinho. '' Pegou o pão e terminou falando '' Aqui, o pão que o Diabo amassou. ''
E foi-se.

Ouve um silêncio na sala, não sabíamos se riamos ou sinceramente ficávamos preocupadas com a sanidade de Jô.

- Err... Querida ? - conseguiu falar Ane.
- Sim ?
- E você bebeu o vinho que ele deixou ?
- Hahahahahahahahahahahahahahahahahaha, puta que pariu - Não me segurei e me pus a rir.
- Francis! Não, não bebi, somente... Coloquei um pouco mais.
- Quer dizer - começou Ane - que alguém como Joana Green reza para tentações longínquas de sua alma ?
- É ... Sim, Ane, algumas vezes por noites, sim.

O tempo passava, enquanto tentávamos entender rindo, cada situação que Joana nos colocava, para tentar nos convencer que tentações de alma mereciam orações, e soluções para a insônia e delírios de Jô.
Mais tarde, andando para casa, quando fazia um pouco de calor e as ruas estavam um tanto esfumaçadas, pensei naquilo tudo, se Joana não tinha delirado e sim, realmente conversado com Ele. E que talvez, a diferença entre o sonho de Ane e o de Joana, com a mesma entidade, tenha sido o que cada uma deseja, atiçando de formas diferentes, uma mesma criatura.

2 de dezembro de 2010

Explícito

Ele me mostra, da forma mais desconhecida,
que me ama
de uma forma esquecida e bem estranha
Já era madrugada quando eu tentava entender Nietzsche
e ele,  ao mesmo tempo
Ele diz as palavras erradas
imaginando que faz o certo
Faz pequenas linhas cruzadas
no meu íntimo mais interno.

Aqui dentro tem tempestade
e ele sempre está em desvantagem,
por não andar com guarda-chuva.
Ele não sabe das vezes que choro,
nem de quando não gosto de algo que faz
Por fingir não perceber,
ou por implicantemente não querer entender.

Ele não sabe que a voz dele me excita
que consegue me mexer,
quem sabe, talvez, transcender.
Ele consegue ser parnasiano e romântico,
sendo ele, literal imagem convencional.

30 de novembro de 2010

Nevermind

Eu só sei ser subjetiva
Objetivamente subjetiva.
Eu não sei falar de amor, sem olhar pra dentro e sentir algo estranho, eu não sei o que é amor para outras pessoas, porque nunca me disseram qual é exatamente a sensação que se tem quando se ama. Também não sei reconhecer amor, ou ele não me reconhece.
As pessoas conseguem ensinar da pior forma que nada faz sentido, porque fazendo sentido ou não, não interessa para alguém que não está interessado e isso não fazia muito sentido. E eu não sei porque resolvi escrever isso, talvez porque esteja morta de sono, mas não consigo dormir de tanto que penso no que dói mais, a minha dor física ( de tanto tempo sentada ) ou outra que vem de dentro, mas é vazia.
A minha mania de me afundar, realmente me afunda. Fico cada dia mais proibida de ter saúde mental, eu fico enjoada das minhas idas e vindas, porque esse negócio de '' uma hora vai passar '' já me encheu.
Queria que por uma hora o mundo não tivesse ninguém, nem mesmo eu,  que todos estivessem em qualquer lugar, longe de mim, eu queria só por uma hora.
Eu conheci alguém, faz uns três anos atrás e eu nunca me decidi se isso era bom ou ruim. Muitas coisas não são certas, mas desta vez poderia ser, certa, e não tão torta e desajeitada. Eu espero a minha raiva passar, sempre quieta, também não sei diretamente dizer quando algo me irrita, porque tenho medo de irritar coisas, ou pessoas mais certamente falando, que talvez não mereçam nada assim, ou merecem e eu não passo de uma idiota. Mas isso tem me deixado paranóica, não durmo direito, não como direito, não por causa das coisas que me irritam, mas .. anh .. só que ao juntar tudo em uma pessoa só (no caso eu)  não se dá um bom resultado. Eu não sou um sistema em equilibrio, agora eu tô pior do que qualquer equação fudida de química que precise de um balanceamento. Ninguém se importa com problemas alheios, mas eu não tenho aonde descontar. Tudo o que eu precisava agora era de um sedativo, ou qualquer droga bem forte, que me fizesse dormir e não sonhar, sonhar já me causa agora algum sentimento que parece muito com tristeza, raiva e uma vontade incontrolável de vomitar, sonhar me dá uma falsa sensação de amor e futuro, não dá certo. Eu não tenho nenhum dos dois.
Sacomé.
Como sou altamente impulsiva, vou ler isso amanhã e me perguntar '' porque publicar uma coisa tão desconcertante ? ''

28 de novembro de 2010

Não bebo não, só escuto música

Bêbados que não sabem o que dizer, dizem qualquer coisa para aparecer.
Estava escrevendo qualquer porcaria no computador, quando me chamaram para descer e conversar, cheguei em baixo e mal demorou 5 minutos, a companhia que faltava chegou.
Meu amigo é veadinho, foi o bêbado que classificou, meu outro amigo é escroto, porque foi o bêbado que falou, e eu sou um menino embaçado pra quem não enxerga, ébrio até o talo.
Bauhaus é uma boa banda gótica, que o senhor embriagado idolatra, porque tem Peter Murphy como vocalista e por vezes tecladista, mas meu amigo veadinho ainda tem que cortar o cabelo para ser macho, ou um porre que se diz Dark.
Homem que é homem tem que ser duro, escroto e que não beba, discurso de um cara tonto, porque homens são contraditórios.
Ele vai gritando '' Peteer Murphyy !!!! '' '' Peter Murphyy!!! ''
 e meu amigo diz '' só não bati nele porque não vi se tinha uma arma. ''
Resolvi subir, salvar no rascunho o que escrevia, para dar espaço para isso aqui, um textículo de um homem que sabiamente e cambaleante diz:
                                                "não bebo não,só escuto música"

Eu acredito, irmão.

25 de novembro de 2010

Para Morpheus

Tem noites que eu não consigo dormir bem. Não é o que aconteceu essas semanas que passaram.
Quer dizer, é e não é. Tive muita coisa pra fazer por esses dias, e dormir sempre foi complicado, porque acordo muito no meio da noite ( muitas vezes acordo falando ). Sinto falta do meu namorado na minha cama, não que alguma vez ele estivesse lá, nossa relação... é a nossa relação, mas quero dizer que se ele dormisse ao meu lado, eu não me importaria nem um pouco. Enfim, mas essas noites tenho dormido bem, comparando com as várias atrás. Mas meus sonhos são bizarros, sempre me acordam no susto, como na tarde em que dormi e sonhei que meu namorado me empurrava para uma caldeira de cores meio psicodélicas ( quando dormi, estava escutando Creedence, não sei se isso conta ), e várias vezes sonho que algo muito, muito, muito impossível acontece. São sonhos e é exatamente para isso que servem, serem bizarros, sim ?
Teve uma vez que dormi tarde, e sonhei com coisas que não sabia que poderiam existir. Estava em um ônibus, indo para um lugar e sentei em qualquer cadeira vazia. As pessoas agiam como agem sempre, e a tarde estava se desfazendo. Havia uma senhora negra sentada no meio, não no meio do ônibus, mas nas cadeiras do meio. Ela vestia trajes de estampa africana, com cores amarelas e verdes, tranças no cabelo, seu corpo era grande, bastante grande e ela segurava firmemente um vaso preto e branco ( ou colorido, não lembro ). Mais na frente estava um rapaz, igualmente negro, bem magro e não lembro o que vestia, mas também segurava um vaso. No decorrer que íamos avançando o caminho, as luzes do ônibus falhavam, e as cadeiras balançavam levemente. O rapaz do meu lado, sentado para o corredor, era ruivo, simpático e de rosto conhecido. Começou uma cantoria, algo que vinha de dentro e saía pela garganta, havia sentimentos naquela melodia, algo assustadoramente forte, que aumentava, aumentava e aumentava, fazendo com que a mão do passageiro ao meu lado segurasse a minha mão muito forte. Era um canto que as vezes tinha palavras e a vezes não, olhei para trás e vi que eram a senhora negra e o garoto negro que puxavam a cantoria, era algo como canções africanas, caribenhas ou do sul dos EUA. As luzes apagavam e acendiam e a senhora levantou, começou a falar coisas, pronunciava cada letra com sonoridade, gritava dentro do veículo, xingava, e aquilo fazia minha mão ser mais apertada.
Parou.
Quando silenciou tudo, todos agiam normalmente, como se não tivesse ocorrido nada. Mas o rapaz que segurava minha mão, ainda não tinha soltado. Desci na parada que tinha que descer, e o rapaz desceu comigo, não me largava. Eu achava tudo o que ele fazia muito normal. A rua estava estranha, com um ar diferente. As pessoas andavam mais depressa e as cores pareciam mais escuras. Foi quando comecei a ver máscaras, máscaras coloridas e sorridentes. Iam se multiplicando, todas pareciam muito com a senhora e o jovem negro que estavam dentro do ônibus, tudo parecia estar acontecendo novamente, só que em proporções maiores. Corri mais depressa que pude, segurando a mão do rapaz, ele corria no mesmo ritmo que o meu, não nos soltávamos.
Acordei. Parecia tudo desconexo, porque parecia inacabado. Estava inacabado.
Fiquei pensando se isso era só o resultado de dormir tarde com a cabeça cheia, ou se significava algo, não por acreditar que sonhos signifiquem algo místicamente inexplicável, mas por ficar com ele na cabeça por mais tempo do que queria.
Foi só mais um dos muitos sonhos que eu tenho todas as noites, nada importante.

Vinho velho, a cortesia

Adoro sentir teu aroma de incenso queimando ao entardecer.
A luz se vai, e no canto escuro uma vela se faz presente... Iluminando tarot, pronto para ser lido.
Me sinto tonta, isso é normal. Inalo cada vez mais forte o cheiro da tua essência,
que se propaga por dentro de um quarto velho, onde a luz do luar não bate.
Acho que sinto um pouco de medo, afinal, o vinho velho é a cortesia.

Para a minha irmã, B.

24 de novembro de 2010

Albinismo do sano

Há algo errado quando você não sente que sente que tem algo errado com você.
Não é o meu caso.
Todos os dias, tinha um poste que ficava parado ( como todo poste que existe ) no lugar onde eu pegava ônibus. Começamos a conversar. Sim, postes não falam, nem pensam, nem nada, mas a gente se falava. Quando passavam, as pessoas ficavam olhando o fato de que eu ria muito e olhava para ele ( o poste ), e falava mais e mais. Eu não percebia percebendo que elas comentavam ( talvez com razão ), porque era bom conversar com ele. Não gosto muito de pessoas, elas sempre me parecem chatas, falsas e sem-graça ( salvo poucas ), então, esse poste parecia a concretização de tudo o que eu queria há algum tempo.
Ele era legal, não respondia, mas eu sentia que entendia tudo o que eu filosofava, e de uma maneira que não sei como, ele dava a entender que entendia. Mas era um poste, um poste! Qual utilidade tem um poste ? Não é conversar com qualquer maluca que para e começa a falar.
Foi então que as outras coisas começaram a ser meus alvos. Comecei a conversar com tudo quanto era objeto, sem perceber, começava do nada a falar e não me calava até uma parada natural ou por algum outro motivo.
Friedrich, o poste, ainda era o mais especial de todos os seres inanimados que eu fazia amizade.
Me pergunto se tem algo de errado comigo, porque vejo tanta graça em conversar com tudo que não é vivo, porque de uns meses até aqui, as coisas se tornaram vivas pra mim.
Enfim.

9 de novembro de 2010

eu vejo uma criança,

e ela toma sorvete, melando a cara com o que derrete dele. É um sorvete verde com sabor de menta, que a faz ter vontade de soprar o ar gelado de dentro da boca.







Fim.

7 de novembro de 2010

Poesia vadia vazia

Bob Dylan não cala a boca
mesmo que eu tire o fone
ele vai ficar gritando
no meu cérebro vazio
e vadio
I want you
porque é isso, e somente isso
que eu consigo pensar, mas
não colocar
pra fora.

Eu não sei falar, 
aquelas coisas das quais eu mais preciso mostrar
Por isso eu fico entre as paredes da minha cama
fazendo o que eu sei 
fazer
o que melhor sei
fazer, que não é escrever.
Somente esconder.


2 de novembro de 2010

Inventa um título

Eu paro os dedos nas teclas
esperando a inspiração vir,
mas ela,
ela nunca chega, ou vai me ouvir.
A noite está quente, quente como cada picada
que os mosquitos dão na minha pele
Eu faço força para dormir, meus olhos pesam
só que cada gole do maldito café
faz efeito agora.

Eu não tenho tanta vivência e sou estudante,
aguento todo dia uma sala de aula, um inferno de Dante
pessoas banais, que me fazem não entender o que naturalmente eu já não entenderia
Conto os minutos, talvez os segundos para sair dali
e chegar aqui,

Amanhã é outro dia, não posso me atrasar
é mais um dia, só tenho que levantar
andar, me obrigar
Eles lêem Crepúsculo enquanto eu tento me entreter
com quadrinhos adultos,
mas não é isso que me torna melhor
ou possivelmente, pior.

Vamos eu e Donnie Darko dormir, boa noite, obrigado por ouvir.

15 de outubro de 2010

Conto vespertino

Um guarda-chuva velho, que ficava esquecido no canto da sala daquele célebre senhor, tinha um sonho que todo guarda-chuva deve ter ( creio eu ), ser usado. Quando mais jovem, era usado pela senhora da casa, com função de proteger-la do sol, mas esta havia ido embora no inicio do ano retrasado, desde então, jamais tocado novamente, ele ficava atrás da porta, pendurado pegando poeira.
Era um guarda-chuva não tão exibido, como os primos de sua familia criados da mesma marca, era xadrez preto e cinza, que quando aberto, muita ultilidade tinha. Com a ida da senhora da casa, o senhor que ali vivia deixou de sair com mais frenquencia, e quando saía, não via mal em pegar um sol de meio dia cheio de cólera. O que mais dava gosto ao sedentário guarda- chuva, era sair em dias nublados e chuvosos, gostava de sentir o friozinho em suas pontas e ser segurado com firmeza para que não voasse. A senhora foi embora e o esqueceu naquele canto onde o sol não bate e a chuva não respinga.
Ouvia todos os dias os passos do senhor pela casa, era uma enorme casa, linda por dentro e por fora ( pelo que se lembrava ), cheirava a flores que o senhor sempre colhia do jardim que ficava no quintal. Um guarda-chuva cheio de sonhos e de fértil imaginação, criando sempre uma forma diferente de desenrolar cada pequena historia que lhe passava pela cabeça ( ou cabo de cima ). O que mais gostava era pensar que seu senhor um dia lutaria por sua senhora, libertando-a de uma maléfico feiticeiro russo que tomou-a daquela casa, no final sempre havia uma luta, em que dominado pela magia, seu senhor o usava como arma. Eles sempre venciam no final. Quando não, sua senhora simplesmente era abduzida por aliens comedores de orelhas, então seu senhor, bestificado com tamanho plano de tais alienigenas, bolava um maior e mais audacioso. Com astúcia, ele fazia uma armadilha no jardim, esperava os seres colocarem para dentro o material usado como isca ( ele nunca sabia ao certo o que era ), e ambos, senhor e guarda-chuva, colocavam-se para dentro da nave. Já estando dentro, havia novamente uma luta, só que o guarda-chuva era a chave dos problemas. Ele era uma arma altamente avançada que ameaçava de vez com a raça daqueles malditos aliens. Propondo um acordo de cavalheiros, aliens e senhor chegavam a uma decisão, que era ficar com a senhora e deixar por fim esta galáxia. O guarda-chuva via muita diversão em ver as coisas como elas não eram ( ou como exatamente eram, talvez ).
Certo dia, o senhor pôs-se a andar pela casa, parecia agoniado com alguma coisa, andava de um lado para outro, roendo as unhas e tossindo por vício. Observando atento aqueles gestos, o guarda-chuva ficou curiso, mas nada perguntava ( e nem podia ). Subindo as escadas, o senhor foi ao quarto pegou uma blusa azul xadrez, tirou a calça e ficou de cueca, com a blusa aberta e o cabelo que era bem liso, um tanto quanto bagunçado. Descendo novamente, o senhor passou para a cozinha, o que deixou o guarda-chuva mais curioso que nunca. Voltando de lá comendo uma maçã, colocou um cd e selecionou na faixa 10, que era uma música bem conhecida e que logo conquistou e entrou para a lista de gosto musical do guarda-chuva.
Dançando como quem não sabia dançar, cantava a letra em claro e alto som, o senhor corria pela casa, pisando e pulando no sofá '' In the name of love '' ele cantava '' what more in the name of love ? ''. Trovejou, a chuva começou a cair, e como uma coisa que o guarda-chuva não esperava, o senhor pegou-o daquele canto e saíu correndo para fora da casa ( por sorte a rua estava vazia, ou quase ), dançava com o guarda-chuva na mão, sujando de lama seu corpo, misturando pele e água.
Depois desse dia, o guarda-chuva nunca mais foi esquecido no canto, nem o senhor.

28 de setembro de 2010

Caí no conto

Eu olhei, bem no fundo daquelas pupilas negras, sem tremer
eu deixei, daquela mania de sorrir à toa para cada vez que a respiração mudasse de ritmo naquele corpo desconhecido de alguém que eu conheço.
Eu fingi que não estava fingindo
Mas no fundo, ainda sou eu.

19 de setembro de 2010

Faltam 6 para a meia noite

- Adoro chuvas, mas são um cenário de certa forma clichê, pena que é nelas que quase tudo acontece, eu não posso evitar -

O vento úmido corre pelo meu rosto, caindo de quando em quando finas gotinhas de chuva fria. Ele vem da janela aberta que fica ao lado da minha cadeira no ônibus. Quando ando de ônibus me sinto dopada, porque o movimento me enjoa, mas é aquele momento que as pessoas enfim me deixam e eu posso pensar, pensar talvez no quanto eu sou pequena e insignificante, o que geralmente me assusta.
Em uma parada ou outra, uma certa quantidade de gente ia descendo, e ninguém mais subia, era exatamente aquela quantidade de pessoas de rostos memorizáveis. A chuva aumentava e eu escutava o barulho das janelinhas se fechando, uma a uma. Eu não ia fechar a minha, porque água purifica e vento leva para longe, uma lógica que na prática e naquele momento não fazia tanto sentido assim.
O ônibus ia devagar, talvez o motorista tivesse medo de bater no meio de tanta água, eu estava quase dormindo e minha cara indicava que eu carregava todo o peso do mundo, era exatamente isso.
Mais uma parada, alguém finalmente subia, pena que era alguém que te faz acordar de noite, suando, desesperado para que a manhã clara comece logo. Uma senhora mal vestida para certos padrões impostos, a cara ressecada pela força do sol, um rosto mefistofélico, seu corpo parecia castigado pela maldade humana, haviam feridas saradas e abertas espalhadas por si, o cabelo parecia liso e sedoso se algum pente passasse pela cabeça, eram grisalhos e longos, acostumados a serem presos mas que hoje respiravam liberdade. Ensopada da cabeça aos pés, diga-se de passagem.
Entregando algumas moedas ao cobrador, passou pela roleta e de todas os lugares vazios que poderia ocupar, veio ao meu lado de acomodar.

- Boa noite- ela disse.
- Olá, boa noite- eu lhe respondi.

Seu hálito era cachaça pura.

- O tempo está ruim lá fora- ela prosseguio- já peguei muitas tempestades assim, e até hoje o que mais me assusta são os trovões com relâmpagos, elas parecem que vão nos explodir de dentro para fora.
Ela sorriu.
- Sim.
- Os cientistas, minha filha, dizem que se as chuvas vem vindo com mais intensidade e o sol nasce cada vez mais para nos punir, a verdade é que isso tudo é uma bomba relógio, que em determinada hora explode o que tinha que explodir e recomeça, fazendo uma outra '' humanidade ''que acredita em um progresso.

Eu olhava atenta e desconsertada, com certo pânico, mas presa. Senti uma aceleração no ônibus, e a chuva cada vez mais pesada. A senhora ria entre um intervalo de falas, mas logo retornava.

- Você acredita em deus, minha filha ?
-Acho que sim, talvez, é difícil, não sei.
- Eu não.

Isso me surpreende, de certa forma, me surpreende.

- Eu sou deus- ela me diz. Você é deus e todos nós somos.
- Você não acredita em você ?
-  Possivelmente não.

Freiando bruscamente o ônibus, o motorista rapidamente acelerou, acelerou tanto que o vento que corria se transformava em um tornado devastador. As luzes começaram a piscar, enlouquecidas e eu não acreditava naquilo, não é o tipo de coisa que acontece, minha voz sumiu para que eu não pudesse gritar, não sabia mais onde estava nem porquê.
Me olhando fixamente e quase que subindo em cima de mim, a senhora aumentava o timbre de sua voz e falava:

- E como isso é possível ?! Como isso é possível ?! Você deve se perguntar porque deus se matou e se espalhou em cada um de nós, sabendo que o caos formado de cada pequena quantidade de poder iria fazer a morte, a gulosa e incansável morte! Acredite! Acredite, filha da puta, no que está óbvio!

Minhas pernas não se mexiam, meu corpo não respondia e meu ar sumia. Acho que desmaiei, ou morri, não sei.
Quando acordei, as luzes ali estavam e a chuva tinha diminuído, minha blusa estava molhada, não da água que vinha da janela, mas do suor frio. Olhei para a janela e vi que era hora de descer.
Levantei com forças que não sabia de onde vinham e quando andei pelo corredor, dei de cara com ela, ali sentada, com aparência idosa e cansada, pálpebras quase cerradas. Puxei rapidamente o sinal para descer, e desci.
Desci enquanto a boca daquela indigente se movia formando um sorriso, um puta de um sorriso que eu nunca vou esquecer.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           

Contarei, de fato, o que de fato aconteceu.

Como uma tarde comum, eu estava sem nada para fazer. Percebi que Carolina já cochilava no meio de tantas histórias e observações que eu fazia.

Resolvi levantar e fazer um café, mas no caminho achei uma pequena caixa na qual ela guardava coisas antigas e secretas.

Achando um apito preto de listras verdes, gritei de onde estava "Carooliiina, essas coisas aqui ainda pressstam ?!" Ela gritou alguma coisa de volta, mas eu não consegui identificar o que foi.

Carolina então começou a olhar para as coisas escritas na parede (*). Sem avisar, uma ovelha (*) se aproximou das palavras e começou a falar "quem somos? de onde viemos? para onde vamos? qual o sentido da vida?". A ovelha estava tão concentrada em suas passagens filosóficas que nem percebeu a terrível aproximação de uma quadrilha de palhaços.
Antes que Carolina pudesse alertar a ovelha do perigo, os palhaços foram detidos em uma teia criada por um sujeito em um traje vermelho e azul.

Na parede ao lado, diversas bandas se aproximavam para que o parecia um festival, mas antes que pudessem começar a tocar, todos desapareceram, instantes antes de eu voltar ao quarto.

Foi o que a Carolina disse, enquanto bebia o café.

Nota 1 (*)- No meu quarto, há palavras escritas nas paredes e imagens coladas.
Nota 2 (*)- A ovelha filósofa é um personagem que eu (Carolina) inventei.

Texto escrito por Alan Mussoi.

18 de setembro de 2010

Continuous Blues

Podia ver meu reflexo em seus óculos de lentes grandes, sua boca entre aberta coçava para dizer meu nome que desconhecía, a temperatura do seu corpo que aumentava a cada minuto, eu podia sentir, claro que podia.
Ela estava sentada dentro de uma cafeteria de paredes de vidro, ao lado de uma enorme foto do Elvis Costello. Comecei a andar em sua direção, caminhando nas calçadas regulares situadas num bairro comercial que fedia a industria.
- Um carro quase me atropela enquanto vinha na sua direção, amor.
- É verdade ? Que pena...
- Mas estou bem- dou um risinho.
- Que pena que não passou por cima de você.
- Ah- eu calo minha boca por um tempo- Já era previsível que me respondesse isso, fez a mesma coisa semana passada.
- Fiz ?
- Quando eu disse que uma bicicleta quase me mata passando de raspão pela minha cabeça, quando tropecei na descida da rua.
- Peço perdão.
- Aceito o perdão.
- Perdão por ser sincera.
- E pelo o que mais eu perdoaria?
- Não sei, é você quem está perdoando.
- Porque você tem que ser assim ?! Toda semana você senta a bunda nessa cadeira, toma uma merda de um café e aparenta ser exatamente o que não é, uma puta de uma mulher legal.
- Eu sou.
- Mas não parece.
- Mas eu sou.

Caindo nesse truque meu, ela fica me olhando como se quisesse pedir desculpa, mas eu acho que na verdade é um olhar de quem quer me matar.
- Ok- ela finalmente responde.
- Ok ?
- Se eu, de alguma forma possivelmente impossível aceitasse naturalmente que você sentasse e conversasse de verdade comigo, o que iria fazer ?
- Bom, eu ... - começo a gaguejar, o que é meio comum quando não se tem noção do que dizer.
- Então ?
- Acho que perguntaria seu nome primeiramente.
- Acho que eu responderia.
- Qual seu nome ?
- Judy.
- Como Judy Garland ou Judy is a punk ?
- Exatamente, e o seu ?
- James.
- Como Morrison ?
- Pode ser. Eu toco guitarra.
- É mesmo ?
- Sim- eu digo, porque um dia me disseram que esteja onde estiver, tocar um instrumento atrai mulher. Grande merda tocar alguma coisa.
- Grande merda tocar alguma coisa- ela me diz.
- É- eu engulo essa resposta.
- Era só isso que tinha pra dizer ?
- Ainda não tenho um manual de '' como dizer coisas que elas querem ouvir ''
- Devia ser uma edição limitada.

Ela fica nesse jogo comigo, não diz o que quer, mesmo eu sabendo que o fogo por de baixo de sua saia estava se acendendo, eu disse que podia sentir.

- Você faz por dinheiro ou por prazer ?
- Depende do momento, meu amor- ela me diz.
- Agora seria por ... ?
- Isso é você quem tem que me convencer.
- Ah, você quer andar um pouco ?
- Vamos, pode ser, só não quero demorar muito.

Você nunca sai andando à toa, é o que eu sempre pensei, inconscientemente você sabe onde quer chegar.
Nós andávamos, fingindo que não sabíamos o nosso devido lugar naquela hora, só para prolongar algo que mais cedo ou mais tarde aconteceria.
Não estava escuro nem claro, mas as luzes de alguns postes já fervilhavam energia. Estava quente, mas o vento que corria excitando a minha pele, me fazia mudar algumas vezes de opinião sobre o clima. Chegando numa ruela que cheirava a podre, finalmente eu senti que a diversão ia começar.

- O que é esse lugar velho que a gente parou em frente ?
- É só um lugar- eu expliquei.

Ela entra sem fazer mais perguntas, sabia que se perguntasse, a resposta demoraria e seu corpo já queria se despir e brincar com meu brinquedo. Subimos as escadas, abrimos a porta de um quarto e ela malmente esperou que minha calça estivesse fora das pernas.
Enquanto ela ia e vinha em cima de mim, ela cantava entre um gritinho e outro '' this is the end, my only friend, the end (...) ''. Eu achei isso doentio.
O quarto não tinha luz, só a iluminação de um poste que tinha ali perto da janela. Eu podia ver seu rosto, podia vê-la mordendo o lábio inferior e seus olhos revirando. Só que eu não sentia nada, não era o que eu tinha imaginado.
Ao me virar para bruscamente beijar sua boca, ela tinha sumido, desaparecido.
Eu tinha consciência de que aquilo era verdade.
Saí sem roupa do quarto, correndo, mentalmente pedindo para que acordasse. As escadas me derrubaram, me fizeram cair na calçada. Corri como louco e senti gotas, do que eu acho que era chuva, penetrarem no meu corpo como se fossem agulhas. Corri por de baixo de um céu cinza e laranja, sentindo cada vez mais um forte cheiro de vômito. Eu pegava fogo de dentro para fora, estranhamente Cry baby tocava, ecoava, enquanto as formas escorriam para um buraco sem fundos.

Eu pude ver estrelas, enquanto minha matéria era esticada. E eu me ia assim como vim, nu e sem entender.
Isso durou horas, ou apenas alguns segundos, eu acho. Me senti flutuando novamente, sozinho pelo grande, pelo vasto vazio, pelo nada.
Eu sabia que era real, para mim era.

19 de agosto de 2010

Eu não sei o seu nome, será que isso importa ?

Tem um homem que curiosamente eu encontro todo dia, ele tem o cabelo liso, castanho e sem brilho, ele anda de jeans surrado e usa uma sandália cujo a marca eu desconheço. Sua barba é tão grande quanto o cabelo, menos quando de 2 em 2 meses ele apara. A fumaça do se cigarro às vezes me faz tossir.
Sempre tive vontade de trocar verbos com ele.
                                                           -

De dentro do bar, ouvíamos o barulho das gotas de chuva morrendo no telhado, digo, ouvíamos nós, as pessoas que estavam sentadas e bebiam ( o que não se resume em muita coisa ). Eu estava sozinha como sempre, sentindo o frio que invadia invisivelmente o lugar, quieta sentada bebendo a única coisa que bebo, cerveja. Girando e bobeando com o copo, não senti uma presença se formando perto de mim.
- O de sempre, por favor.
Disse aquele desconhecido.
Olhei para o lado e dei de cara com o vazio.
- Muito obrigado.
Disse o desconhecido outra vez.
Olhei para o lado e dei de cara com o vazio.
- Oi.
Falei para o vazio.
- Olá.
Respondeu o vazio.
Porque o vazio daqueles olhos eram tão curiosos, eu não sei dizer.
- Bonita blusa, quando jovem eu costumava ouvir bastante Janis Joplin, hoje em dia só quando arrumo os LPs.
Eu sorri e balancei a cabeça com o que ele acabara de dizer.
- Que sorte eu ter vindo com esse blusa - eu respondi- porque a do Motorhead era minha primeira opção para hoje.
Ele me devolve um sorriso.
Parecia ter cara de 45 anos, não só parecia como dava uma certeza meio incerta, sei lá, usava uma camisa azul, um jeans surrado e um All Star vermelho igualmente surrado.
- Seus olhos são castanhos bem claros, não é ?! - Perguntei eufórica.
- Acho que desde o dia em que nasci, sim.
- Não dá pra reparar na primeira impressão... Nem na segunda ... Nem na terceira... Gosto da cor de olhos, desculpe falar tão de repente dos seus.
- Sem problemas nenhum, gosto de olhar olhos também, o que denuncia que reparei que seus olhos são castanhos muito escuros, quase não se pode perceber.
Ele deu o gole final em sua dose de sei-lá-o-quê e pediu mais uma.
- Consegue ouvir essa música? - Ele me perguntou.
- Acho que é wish you were here , não ?
- A maioria das pessoas que está aqui não percebe.
- É.
Ficamos calados por um tempo, um longo tempo, ouvindo não só as músicas que tocavam, mas a chuva que cada vez mais aumentava lá fora, parecendo que ia acabar com o mundo em poucos segundos.
Quando começou a tocar Medo da chuva de Raulzito, ele voltou a falar.
- Sabe o que é engraçado ?
- hum ?
- Você há tanto tempo girando esse copo com essa cerveja quente e quase no fim, de boca aberta como se isso fosse algo incrível.
- E não é ?
- Porquê deveria ser ?
- Não sei.
- É uma boa questão. Posso fazer uma pergunta ?
- Acho que sim.
- Não que seja um problema... Nem que eu ligue, ou melhor, tenha algo haver, mas ... Você me parece bem nova, acho que ... Porque está aqui ?
- Gosto de cerveja, gosto de ficar sentada, gosto de bar.
- Isso é bem esclarecedor, e rima.
- Que horas são ? - Eu perguntei olhando para a mesa.
- Mais de meia noite.
Eu olhei no fundo de seus olhos, e no fundo eu sabia que não queria ir e deixar de falar o tanto e o tão pouco com aquele homem.
- Acho que já vou - Me decidi.
- Realmente - Ele olhou para o relógio- acho que já vai.
Foi quando o fogo de seus olhos acendeu e queimou, me fazendo desviar o olhar, mas acabar não resistindo e me hipnotizar.
- Eu ... Foi bom te ... Boa sorte com sua dose de não-sei-o-quê, até uma próxima vez.
- Até.
E eu me fui, com meu guarda-chuva velho em meio de um chuvisco.

Eu não sei o seu nome,
                                        será que isso realmente importa ?

17 de agosto de 2010

Light my fire

No fundo do quarto, a chama de uma vela que queima incansavelmente insiste em me puxar para si, em fazer com que meu corpo entre em real combustão, deixando de lado a teoria.
É puro rock psicodélico que invade meus ouvidos e rompe minhas veias, é um puro e clássico duelo que enfrento em grande parte das vezes com meu corpo e minha alma, com o simples fechar dos meus olhos.
Nunca foi tão difícil tentar dormir.

13 de agosto de 2010

Passou da hora

São seis horas da tarde e algo em mim arde
Todos os pensamentos fogem e meus olhos não tomam direção
Mordendo a ponta do lápis, sinto às vezes um palpite no coração.

Com os cinco sentidos ativos, acho que preciso de um sedativo
De rimas prontas e idiotas, é tudo o que eu consigo produzir nesse instante agora.
A verdade é que me prendo aos meus pecados, quando penso em escrever predicados 


Minha mente vazia, que nada fazia, agora se enche de coisas
Meu corpo fechado, agora se abre
Eu não sei o que dizer, e a novidade é que igualmente não sei o que fazer


Uma certa liberdade poética me diz que tudo que quero posso inventar, até se isso possa me matar
o ventilador roda e não ventila nem metade da minha necessidade, e enquanto derreto meu cérebro com a tentativa de concluir
A idéia acaba de fugir.


Com um céu de estrelas penso em me deparar, enquanto a madeira de cima tira meu ar
A porta aberta me dá opção, de sair da luz e correr para a escuridão,
ou talvez o contrário, o que tanto faz, porque ambos são solitários  







7 de agosto de 2010

Contarei o que de fato aconteceu.

Como uma tarde comum de domingo, eu estava sem nada para fazer. Alan insensivelmente não calava a boca um segundo sequer, e tediosamente cansada do jeito que me encontrava, cochilava no meio de tantas histórias e observações que ele fazia. Foi quando irritado com a minha clara falta de atenção, resolveu me largar sozinha e indefesa na cama onde estávamos deitados e ir para qualquer lugar da casa em que pudesse ficar longe de mim até o momento que enfim eu despertasse. Ele, andando pela casa, achou uma pequena caixa na qual eu guardava coisas antigas e secretas. Achando um apito preto de listras verdes, gritou de onde estava, me perguntando '' Carooliiina, essas coisas aqui ainda pressstam ?! ''
'' Sim '' eu respondi, sem me dar conta do que ele exatamente havia me perguntado. Curioso, ele apitou aquele apito cheio de poeira e nojento, fazendo assim com que todas as coisas que estavam ao seu redor se apagassem, deixando tudo em branco como uma folha não rabiscada.
Desesperado, ele começou a tentar andar por um monte de nada, o que o fez chegar em exatamente lugar nenhum. Chegando a conclusão de que não conseguiria sair dali tão cedo, sentou no que parecia branco ( e era ) e apoiou a cabeça em uma das mãos, como fazem pensadores ou pseudo pensadores quando querem que as pessoas pensem que estão pensando.
Ali, no meio onde estava, as coisas começaram a se auto-desenhar ( e se auto-apagar também, quando algo saía torto ).
Alan, em seu mais ato heróico, saiu correndo a procura de algo que o tirasse daquela situação. Correu, correu e olhava para trás quando achava que devia olhar para trás, em uma dessas, virando novamente sua cabeça para frente, um homem lhe parou e lhe perguntou '' Do you come from de land down under
                                                                    Where womem glow and men plunder ? ''
Por cinco segundos, Alan ficou parado, estático, como se pudesse cair ali mesmo. No sexto segundo ele riu, no oitavo segundo correu como nunca correu antes. Já ia longe quando ouviu um fraco eco da voz do homem gritando '' Can't you hear, can't you hear the thunder ?
                               You better run, you better take cover. ''
No meio do caminho, deparou-se com algo que literalmente não esperava. Uma aranha sanguinolenta de mais de três metros de altura que estava sedenta por cada linda parte que o corpo de Alan possuía!
Enfrentando seu medo incurável de aranhas, Alan Mussoi ( o terrível ) pegou areia do chão que pisava e jogou nos olhos daquela aberração, mas infelizmente acertou somente cinco olhos, restavam três para que ela pudesse mirá-lo e pegá-lo.  Alan não desistiu, pois, mexendo em seu bolso encontrou uma pequena faquinha
que usava para tirar os fios soltos que geralmente ficavam em minhas roupas. Com a ótima mira que tinha, acertou em cheio uma parte que as aranhas consideram vital ( mas que não nos revelam, é claro ).
Orgulhoso de ter matado aquela aranha ninja ( sim, era ninja), Alan achou um bar onde quer que estivesse, o bar o fez lembrar de sua infância ( é ).
Ali ele entrou, e apesar de detestar cerveja, achou que deveria tomar uma, pediu ao atendente que lhe trouxesse uma Heineken, porque essa patrocinava a liga dos campeões.
Bebeu toda a garrafa daquele líquido sagrado e cantou '' we are the champions '' um típico clichê, há.
Distraído, nem percebeu que novamente tudo tornava a ficar branco novamente ( só conseguiu perceber quando a fichinha da garrafa desapareceu ).
Novamente em casa, Alan foi correndo me contar tudo o que aconteceu, me deixando surpresa por longos dois segundos. Dizendo que o amava, voltei a dormir.
Maluco esse Alan, não ?

1 de agosto de 2010

Em uma ocasião me disseram que o homem não vive de música e poesia somente. Mas tem um porém, sou mulher. 



29 de julho de 2010

Da minha realidade

Ontem algo me ocorreu, como um flash de luz no meio de minha cegueira.
Sou uma fada perdida.
Chegando a essa conclusão vi que tudo o que não havia conclusão ou resposta fez no mínimo um certo sentido.
O mundo é cheio de visões, sentidos entendidos e descartados. As coisas reais me lembram muito a fumaça criada na queima de incenso, uma intensidade inicial e a dispersão final, tudo vai e tudo volta.
Certas coisas não se encaixam, e ao tentar se adaptar, percebem ainda mais o quanto que não se pertencem.
Consegue ver algum sentido nas coisas se poder criar a si mesmo ?
Também vejo, também não. Talvez.
Sendo uma fada perdida, e vendo as coisas como uma fada perdida ( que logicamente não está em seu lugar ) a leve impressão de se sentir bem, é forte, é como pausar o tempo e flutuar... Sabendo que uma hora vai acabar no seu lugar. É real por uma fração de segundos, que pode ser em outra realidade uma vida inteira.

Porque na realidade não é real ?

25 de julho de 2010

3 anos de casamento ao amanhecer.


Eles desperdiçavam latim tentando chegar a conclusão de que não chegavam a conclusão nenhuma.
Se olhavam e já perdiam a paciência por isso. Ele sentia falta daquele doce primeiro olhar que ela fazia quase sempre, sentia falta do carinho que só ela sabia fazer, seu corpo havia mudado, não fisicamente, mas mudado de idioma, não falavam a mesma língua há muito tempo.
Ele a queria, durante a noite quando o cheiro de frutas do perfume dela voava livre pelo quarto, seu corpo era cheio de sinais que o confundiam da cabeça aos pés...
Na cabeça viajante dela, a cada movimento que ele fazia, ela rezava para que fosse um afago em seu rosto sem gosto.
Ela amava aquele cabelo enrolado molhando que caia pelo rosto escorrendo água, amava o tom dos olhos dele, quase escondidos por uma grossa sobrancelha.
Era uma jogo de pique-esconde, um forjava o desinteressar e o outro afirmava tal ato.
A verdade é que sentiam a ausência da matéria de cada um, faltava assunto, faltava amizade e cumplicidade, faltava tudo, menos um possível amor.

15 de julho de 2010

Faz tanto tempo que eu não mexo aqui, acho que senti falta, por sinal.
Eu sempre tive entendimento de que a vida era inconstante, sempre em rotação, mas não tinha idéia de que era uma coisa tão... rápida ... Como um raio e um trovão, a velocidade da luz, o clarão,  foi o ocorrido, o trovão em velocidade inferior foi o que restou depois. A graça é que agora eu vou ter bastante assunto com a minha psicóloga ( ha ha ha ). Minha vida mudou bastante de uns tempos pra cá. Perdi muitas coisas, ganhei outras coisas e as pessoas me olham com cara de '' isso tudo vai passar '' sem ao menos entender o que se passa na minha cabeça.
Mudei de endereço ( para aqueles que me procuram ), mudei de idéias ( para aqueles que me conhecem ), mudei muita coisa ( para curiosos e interessados em geral ), alias, mudar é bom... Contanto que não seja para pior em certas opiniões, aham, mudar é legal.
Enjoei mais rápido do que imaginava das férias, não que eu queira voltar para o colégio, acho que .. enfim, mas sinonimo de não fazer nada virou férias. Minha vida nesse inicio de mês se transformou em só ler e desenhar, tirar fotografias de coisas, mas como eu não sei se sou muito boa nesse último, faço isso só por diversão mesmo. Arrumar meu quarto novo, em um lugar que não é tão novo assim é uma distração também, mas quando isso acabar, o que eu faço ? Não só, quando realmente tuudoo isso que acontece acabar, e depois ?
Cansei um pouco demais da minha rotina.

1 de junho de 2010

Meu

'' Desde os primórdios
Até hoje em dia
O homem ainda faz
O que o macaco fazia
Eu não trabalhava
Eu não sabia
Que o homem criava
E também destruía...

Homem Primata
Capitalismo Selvagem
Oh! Oh! Oh!...''



Meu e ninguém tira *-*







16 de maio de 2010

E ele chega,

Ele chegou em seu apartamento, de cara triste e de quem esperou muito para cair em choro. Largou as chaves em cima de uma mesinha de madeira, e chorou, chorou tanto que ali poderia ter secado seu '' estoque '' de lágrimas.
Pegou um cigarro e fumou lentamente, deixando a fumaça entrar e sair de seus pulmões prazeirosamente. Pensou durante um tempo, calado e com um fixo olhar medonho. Quebrou o silêncio falando em clara e alta voz, falando com ninguém mais do que a si próprio.
 '' - Até a voz da solidão se calou, deve ter cansado de estar sempre comigo, de me ouvir.
Não tenho mais o conforto do dia, parece que me resta somente a noite me sufocando. Não tenho saída, minhas portas se fecharam.
Viver ? É só mais uma idiotice.
A vida não passa de uma brincadeira estúpida feita por uma puta criança mimada afim de se distrair. Vivi como uma panela no fogo, sempre ao ponto de ebulição, esperando a hora de alguém tirar do fogo, mas essa hora nunca chegou.
Eu me queimei.
Não tive nada além de prostitutas na cama, bebida no estômago e cigarro na boca. Para muitos, tudo, para mim, nada vezes nada.
Anda! anda Deus ! Porque espera tanto pra fuder definitivamente com a minha vida ?! Anda seu puto, eu não tenho solução mesmo, e eu sei que espera isso desde que soube da minha ...
Eu quero isso mais do que já desejei qualquer algum dia, porque tudo que eu desejei até hoje não passa de pontos acumulados na lista negra de alguém.
Não é por nada não, mas se pudesse nascer de novo, faria diferente. ''

    Ele começou a andar pela sala e continuou falando

'' - Eu nunca amei, nunca transei por amor, e dizem que essa é a melhor transa da vida, sei lá.
Nunca soube o que é ter um pai, já que o meu se foi sem deixar um '' até logo '. Nunca fiz um bocado de coisa, mas isso não interessa.
Eu tenho 32 anos e minha vida foi como um show de Punk Rock. 
Será que ainda tem algo pra mim ?  ''
    Ele andou até o quarto e este tinha uma aparência bem suja e desarrumada. Pegou uma corda e voltou para a sala.

'' - Nada me justifica, nada me explica, nada me traduz.
Ridículo, ? Passar pela vida sem viver, digo, viver e não gostar ''

Como se um baque na cabeça fosse dado, ele olhou a corda que poderia encaixar perfeitamente em seu pescoço, olhou para o nada.
Largou a corda como se aquela fosse a coisa mais miserável e desprezível e correu para o banheiro, atropelando o que estivesse em sua frente. Abriu a porta na loucura e ligou o chuveiro . Ali debaixo respirou e foi desenrolando palavras.
'' - Lava ! Essa sujeira que me apaga !
           Lava toda essa irrealidade do meu ser !
  Tira de mim toda essa falsa identidade impregnada, se desfaça. ''

A água foi escorrendo pela roupa molhada que ele vestia, depois, tirou a roupa e tomou banho com a água gelada que caía do chuveiro. Ao sair de lá, vestiu-se novamente. colocou um doce perfume que um dia ganhou de alguém, pegou as quietas chaves que descansavam na mesinha e saiu dali.
O que aconteceu depois, à Deus pertence.

5 de maio de 2010

Ali vem o ontem.

Passa dia e passa noite, passa tempo.
Passou o tempo e eu nem notei que o vento me levou, eu cresci.
Mas sem longas divagações.
Quando tinha 10 anos imaginava como seria quando tivesse 16, acho que não me imaginava exatamente do jeito que sou hoje, é até impossível, não ?
Meu aniversário, o que eu posso desejar para mim mesma ? Quero ser feliz, nesses 16 anos de vida acho que realmente fui feliz, sou feliz e quero felicidade contínua, apesar de sempre me parecer tênue, ela está aqui.
Quero realizar meus sonhos que mais parecem fantasias distantes, mas sei que vou chegar lá.
( Desejo que você tenha a quem amar, e quando estiver bem cansado ainda exista amor pra recomeçar )
Viver em permanente metamorfose, nunca perdendo a base, mas crescendo e me mantendo em pé.
Então ... é isso.


30 de abril de 2010

Coisas que você pode fazer para ser Carolina

Bom, em casa de novo.
Sem nada interessante para fazer além de escrever e ler.
                       cri                               cri                                   cri
Já sei, vi isso em um outro blog uma vez. Vou fazer aqui também, lista de como ser eu *-*
1- Adoecer e ficar boa, mas mesmo assim não ter coragem de voltar para o colégio ( não que eu esteja tão boa assim )
2- Passar parte da noite e da madrugada ouvindo Janis Joplin e The Doors.
3- Assistir F.R.I.E.N.D.S  praticamente todos os dias e rir de tudo o que já sei de cór.
4- É passar horas lendo o Senhor dos Anéis ( no momento As duas Torres ) e ficar admirando e aprendendo os mapas da Terra-Média...
5- ... e querer desesperadamente achar um meio de se transportar para Lothlórien ou Fangorn.
6- Ler histórias em quadrinhos e amar isso.
7- Chamar a cachorra de estimação de '' Satanás, Saruman ( quando ele era o mago branco ), nhenhem e Ideiafix '' e levar mordidas dela por assim chamar e cutucá-la. O nome dela é Yumi.
8- É assistir todos os filmes da saga Star Wars *-* , e sempre achar que em ''A vingança dos Sith'' Anakin Skywalker não vai virar o Vader  ¬¬
9- Ser loucamente apaixonada por um violinista espanhol de um grupo de folk metal chamado Mägo de Oz.
10- Fantasiar que esse violinista ( Carlos Prieto Guijarro, ou Mohamed ) vai ser meu marido, mesmo sabendo que ele é casado ¬¬
Moha, te quiero *-*
11- Querer ser viking, quando crescer
12- Ou cigana
13- É ser a pessoa mais idiota da sala de aula, que não faz questão de nada nem ninguém e que só está ali porque não é permitido estudar em casa e depois entrar em uma faculdade.
14- Amar dinossauros *-*
15- Querer ser historiadora pesquisadora e escritora, poder trabalhar com artes e literatura também, e mandar os outros se danarem por dizerem que nessas profissões eu vou morrer de fome U_U
16- Ter um namorado de 21 anos, nerd, que mora longe '' pra caraleo '' e amar uma criatura dessas '' mais que ontem e menos que amanhã '' Amar de forma que me faz não me sentir tão sozinha mais, amar tanto, demais *-*
nhaa, Alan *-*
17- Ter como filmes preferidos os que foram produzidos dos anos 80 para baixo.
18- Amar ter lido e visto o livro/filme O segredo de Brokeback  Mountain      *-*
19- Andar sempre de mochila, sempre.
20- Ficar aborrecida quando dizem que Lost é uma merda ¬¬
21- ...
22- Usar preto durante anos da vida, somente a cor preta, e perceber que outras cores são legais depois de um tempo.
23- Tentar imitar todos os dias o sotaque alemão de Hansi, vocalista do Blind Guardian.
24- Estudar espanhol e amar esse idioma *-*
25- Não ver graça em tudo o que as outras pessoas vêem
26- Se tornar invisível! ( ha, essa eu inventei )
27- Inacabarr coisas
28- É tentar aprender uma letra de música no meio da madrugada e cantar com muita empolgação, sem lembrar que há vizinhos querendo dormir.
29- Ter medo de tudo que se mexe muito rápido.
30- Detestar Coca-Cola...
31- ... e amar suco de Acerola \o/
32- Preferir Beatles do que Rolling Stones
33- Ser muito, muito tímida para com quase todas as coisas, desde pequena.
34- É escrever um monte de cartas para um garoto que todo mundo dizia ter cara de defunto, cartas de amor      jogadas em cima dele depois de um fora traumatizante ¬¬'
 ( Já faz muito tempo, bastante tempo, Heitor, mas eu ainda te odeio ¬¬ )
35- Pedir para a mamy fazer todo dia macarrão com molho e ter sempre '' não '' como resposta XP
36- Preferir sorvete de menta *-*
37- E pizza 4 queijos *-*
38- Se deprimir quando o assunto é animais abandonados, veja bem, se para pessoas já é difícil essa situação, imagine para animais sem ter o que comer, beber e onde viver, sujeitos a maldade que podem sofrer de pessoas maldosas...
39- Don't Panic 







29 de abril de 2010

'' Há milhares de corpos, sujos,
 corpos mortos
 Eles estão no inconsciente de um todo,
           tudo o que não foi...
 Você mudaria alguma coisa ?
 Abro minha janela interna e
 espremo meus olhos, para que
 a poeira do arrependimento
 não consiga me
                 CEGAR
 Mas se tudo o que aconteceu
   formou o meu eu
 Porque assim pensar ? ''

Escrito em 25/03/10
Carolina

Réquien

'' If I leave here tomorrow
Would you still remember me?
For I must be travelling on, now, ''


- Lynyrd Skynyrd; Free Bird


[voz de um velho que grita]

Nada mais nos resta!
   Nada em que acreditar
O fim se aproxima, e um sueño eterno há de nos agarrar!
A luz do fim do túnel há muito já se foi, 
apagou com a força da tempestade que varre o inferno onde pisamos e o céu que ludibriamos.
O tempo acabou, o tempo não aguentou.
   Triste dizer, mas este é o fim.

[voz se cala definitivamente]

E o que será dos amores,
partidas e dores ?
Nem lembranças irão sobrar ?
            Tempo ?
Do nascer ao morrer, o que foi isso ?
Eu me tranquei em um quarto escuro.
Eu saí em um dia de sol.
      Eu fui feliz ?
Serviu algo que eu fiz ?
Tive tudo, não tive nada
Torcí meu nariz, mas muita coisa me agrada
      E depois ?

Esse é o lado ruim de sonhar




22 de abril de 2010

inye tyë mela

*
Se tivesse a chance, eu morreria por ti.. Morrerias por mim ?
Entrego-me de totalidade infinita, implorando para ser insanamente amada, para mergulhar em um buraco sem luz e ser segura por tuas mãos.
Quero te sentir jogado nesse amor, esquecendo todas as malícias do passado, sem que a angústia te puxe para distante de mim.
Sentir teus braços me vestindo e com carinho tuas mãos passando sobre meu cabelo ondulado.
E que nossos cheiros se misturem, embriagando-nos.
Ao cerrar meus olhos, adormecendo involuntariamente, quero para mim tua figura ao meu lado, olhando-me  fixamente. E não imagino ninguém tão amado por mim. De tal forma que roubaste-me de mim mesma, quero furtar-te e fazer com que na hora de grandes prazeres aperte minha mão, e que só a mim dirija esse vão destino que um dia de crueldade possa nos separar.   

Escrito em 24/ 03/ 2010. 
Carolina Melo.


* A frase '' inye tyë mela '' significa '' eu te amo '' traduzindo do Quenya ( idioma élfico )

18 de abril de 2010

Delicadamente...

Título: Delicate
Médio: Óleo sobre tela
Artista: Joseph Minton
Ano: 2007
Tamanho: 16 "x20"
Status: Não Venda











Sou fã declarada de Minton, e ''andando'' por sua galeria ( novamente, sempre ) vi esta pintura que antes me chamou atenção, mas que depois caiu em meu esquecimento. Não quero fazer nenhuma interpretação do que ela possa significar, até porque impressões são coisas bastante pessoais. Poderia somente dizer que realmente é uma das mais delicadas que este pintor já criou, e apesar das cores escuras usadas, a expressão da garota é o que mais chama a atenção para mim, dando a entender a serenidade que a possui. Por outro lado, sua posição me dá a entender que espera por algo, não desesperadamente, mas conformada com isso. Opiniões são opiniões.


 E como já era de se esperar, tenho quase que certeza que ele a pintou para mim *-*
- Sonha, sonha que é bom -
Ah, meu amor, e tudo se transforma em uma espiral letal novamente.
As pessoas correm ao meu redor, não entendo a pressa, não consigo ver em seus olhos a felicidade que gostaria de ter.
Todo mundo joga, e eu me sinto de fora, eu tento.
E agora ? Se eu sou a única que me sei exatamente ?
Eu não sei o que fazer e seria ótimo se esse '' não saber '' fosse em apenas um único objetivo, mas é algo que altera tudo, não sei mais de nada, nem de mim nem de ninguém. Principalmente de mim.
E agora ? Eu não sei.
Agora você sabe, e eu só quero fechar meus olhos.

15 de abril de 2010

Despertar

“Entre o Pedestal Noturno e o Matinal
Entre a morte vermelha e o desejo radiante
Sem um único som de triunfo ou alerta
Surge o grande sentinela na ponte de fogo
Ó alma transitória, que adorna com sonhos o teu pensamento
Abandona a coroa de louros, remove as coradas da lira:
As rodas do Tempo estão girando, girando, girando,
A corrente vagarosa flui profunda e não se cansa.
Os Deuses estão sobre sua ponte,
Sussurrando mentiras e amor
Zombaram de tua passagem pelo rio sombrio
Cujas correntes incansáveis
Levarão a ti, rei dos sonhos,
- Destronado e eternamente inacessível -
Para onde os reis que sonharam outrora
Embranquecem em lares de frio monumental.”



James Elroy Flecker (1884-1915)


- Usado na introdução de ''Despertar'', último exemplar da saga Sandman, aclamada série de Neil Gaiman. - 

14 de abril de 2010


























Fazendo amizades com um mendigo em farrapos.
Cheio de sorrisos e gentilezas, realmente me comove
Há perigo em cada esquina mas estou indo bem
Andando pelas ruas tentando esquecer o passado

Ramones- Poison Heart