- Por esses dias não fiz nada de tão interessante à vida útil das pessoas
( não que eu faça algo útil para alguém, normalmente não ).
As aulas começaram, o que de certa forma é bom para me ocupar no tempo que durante as férias não serviu para absolutamente nada se não alimentar o pecado capital que se chama preguiça. Logo no primeiro dia as conversas foram sobre responsabilidades e outras coisas que pessoas na minha idade costumam ouvir, sobre coisas que eu acho até descartáveis, mas enfim, no segundo dia o estudo propriamente dito começou e com isso a reclamação de '' logo na primeira semana '' começou a surgir na classe, a ironia é que o colégio é para estudar se não faz nada parecido com isso, com certeza errou de porta na hora de adentrar. Hoje (quinta) tivemos de fazer uma redação sobre ''quem sou eu ? '', um tema que eu achei totalmente chato pelo fato de não saber me descrever ( assim como vários indivíduos )... Porque de tantos temas perdidos no mundo a professora tinha que escolher esse ? Será que é porque acha que somos jovens e estamos na fase de falar sobre coisas sem qualquer valor sem significado para mais tarde ? (odeio esse estereótipo) Não leio mentes, mas acho que era algo assim. O fato de não saber o que falar de mim foi o que mais pesou, abrindo meu caderno do Darth Vader, comecei a escrever isso: '' Não sei o que significo, ou talvez seja mais. Não tenho muitas certezas para com as coisas na minha vida, somente que descrever é limitar ( no meu caso ). Poderia dizer que sou a somatória dos meus erros e acertos mas tenho impressão de ter ouvido isso em algum lugar, mas enfim, instável, indecisa, chata, não falo muito, extremista, mas até boa pessoa ''
Não me rendeu um ''muito bem'', ou um ''está bom'' como eu ouvi para outras pessoas, mas rendeu um visto que vale ponto, ótimo.

São 00h e eu tenho aula cedo, dormir é opção obrigatória o/

- '' Significa que o mundo é tão sólido e estável quanto uma camada de espuma sobre um poço sem fundo de águas negras. E existem coisas nas profundezas em que nem quero pensar.
Significa mais que isso.
Significa que somos bonecas. Que não sabemos de nada sobre o que realmente acontece.
Que só nos enganamos sobre controlarmos nossas vidas porque, a uma distancia menor do que a espessura de uma papel, coisas que nos levariam à loucura, se pensássemos nelas por muito tempo, brincam conosco. Elas nos levam de quarto em quarto e nos colocam para dormir à noite, quando estão cansadas ou entediadas. ''



Isso é parte de uma fala de personagem da história em quadrinhos '' A casa de bonecas '' de Neil Gaiman. Sim, eu quis colocar o nome deste blog como '' Casa de bonecas '' por ser uma das histórias mais especiais da minha vida. O trecho acima é uma das passagens preferidas na história. Passei um certo tempo para terminar a leitura desse quadrinho, primeiro por aqui em casa ele ainda estar no formato de revistas e não encadernado, fazendo assim com que algumas delas fossem perdidas ( na verdade eram do meu pai, bem antigas ) segundo que depois de ter conseguido emprestar ( dessa vez sem faltar nenhuma parte) confesso que me faltava tempo para me dedicar, não que eu não tenha tempo para nada ( tenho até de sobra ) mas demorei para ler e essa é uma verdade que odeio admitir, um puro pecado capital. Tenho amor pelas histórias de Gaiman, a primeira obra que li foi uma escrita e desenhada por Jill Thompson * Morte a festa* que incorporava personagens de Gaiman, logo me apaixonei pelo universo Sandman. Depois, em uma tarde escura e de chuva achei no fundo de uma caixa esquecida no meio da mudança os exemplares de ''Um jogo de você'' não foi difícil me entregar ao quadrinho, depois ''Terra dos Sonhos- Um sonho de mil gatos '' e '' Prelúdios e Noturnos '' que comecei a ler em minha cama, depois em sala de aula, intervalos ou qualquer lugar, não deixou minha mochila durante uns dias até que finalmente terminei onde comecei, na cama. Gaiman talvez seja o único autor que me faça completamente feliz ao ler sua escrita, me faz sentir dentro de um universo único, me envolve com palavras e transporta meu corpo para dentro de uma realidade alternativa e apesar dele não saber de minha insignificante presença nessa galáxia, não tem a noção do quanto não sei do que seria minha vida sem ele, talvez até fosse um pouco mais normal ( brincadeira... ou não) ou a mesma coisa, mas Gaiman faz total diferença em minha vida. Assim como Tolkien me faz querer estar na terra média, em Valfenda mais claramente, Gaiman faz com que eu me sinta em casa.

- Descrever algo que não há como descrever, mas encontra maneiras de, é limitar.

*Ainda tento encontrar um meio de conciliar minha escrita no meu diário e nesse blog, o que não é nada fácil por falta de interesse simultânea.*

Fazia um tempo que eu não lia, na verdade bastante tempo para o que eu me acostumei em relação a leitura. Hoje não foi um dos melhores dias, talvez isso o tenha tornado especial, até agora não deixou nada a desejar quanto à certas coisas...
Enfim, hoje, terminando de ler uma certa história em quadrinhos emprestada há muito ( relativo ) tempo, senti uma sensação estranha. Primeiro que a história não era nenhum conto de fadas ( refiro aos contos modificados para o prazer de muitos ), quer dizer... dependendo da visão, sim, era de certo um conto de fadas ( ou não ). Segundo, eu tenho fixação por contos e histórias de fadas, fantasia em geral. Terceiro, eu finalmente consegui terminar algo que havia começado com 13 anos mais ou menos ... Não que eu tenha levado 2 anos para ler, mas que se completou agora o que eu não podia antes ler com total coerência. A sensação estranha veio quando eu terminei e vi que acabou algo que eu planejava há muito tempo, e agora ? .-.

- Uma inútil que hoje posta aqui, oi o/
São 02h da madrugada e eu não durmo.
Na maioria das vezes, esse horário é reservado para as crises existenciais que me rondam quase sempre, faço o possível para não dar atenção à elas agora.
Em horas assim eu converso sozinha comigo mesma, chega até ser engraçado o jeito como creio que realmente minhas conversas internas sejam importantes e decisivas, nessas horas também que me vejo quase que em meio mundo... Conversando com alguém fantasioso em minha mente, em um distante lugar .-.
A casa está fechada, quieta como normalmente todas as casas tem de estar. As luzes apagadas traduzem a vontade de que tudo se desligue por um momento para que o descanso merecido seja feito com deleite. Menos uma luz em um canto da casa, a minha luz nesse canto da sala... É uma fachada, todos dormem menos eu, será por falta de sono ? Minha cabeça dói e a tontura aumenta cada vez que me deparo com uma luz ligada e eu simplesmente não sei o por quê de não querer ir dormir, mas tanto faz.
Isso tudo me faz fantasiar sobre a pessoa com quem constantemente converso na minha mente, a casa calada e o corredor vazio me fazem imaginar meu querido convidado entrando e chegando perto de mim... Seu ar frio não me mete medo, coberto por longa capa preta e colorida ao mesmo tempo ele não me mete medo, seus olhos não mente quando olham fixamente dizendo para não ter medo. E eu não tenho. Como não tem lugar, ele vai até a cozinha que fica bem próxima a sala e pega uma cadeira de madeira que pertence a mesa onde comemos diariamente. Ele à carrega e coloca bem perto de mim sem nenhuma palavra antes soltar, seu cheiro frio se mistura com laranjas, sim, ele cheira a laranjas... Eu gosto de laranjas. Sem me mexer eu olho com atenção para ele querendo tocar em seu rosto que parece nunca ter sido tocado por mãos antes, dão a impressão de serem rosados, ou alaranjados, mesmo que de longe pareçam sem vida... e ele mexe em meu cabelo que quase nunca penteio, o tempo parece não passar porque o relógio que antes batia 02h da madrugada agora ainda bate 02h da madrugada. Ele chega mais perto do meu rosto e fala com uma voz rouca e inquietante: '' - Durma. ''
É quando minha irmã abre a porta do quarto e eu volto pra realidade que bate 03h12 da madrugada, o sono me pega e quer me levar para junto de todos os outros que sonham. E eu aceito seu convite.
Boa Noite.