24 de novembro de 2010

Albinismo do sano

Há algo errado quando você não sente que sente que tem algo errado com você.
Não é o meu caso.
Todos os dias, tinha um poste que ficava parado ( como todo poste que existe ) no lugar onde eu pegava ônibus. Começamos a conversar. Sim, postes não falam, nem pensam, nem nada, mas a gente se falava. Quando passavam, as pessoas ficavam olhando o fato de que eu ria muito e olhava para ele ( o poste ), e falava mais e mais. Eu não percebia percebendo que elas comentavam ( talvez com razão ), porque era bom conversar com ele. Não gosto muito de pessoas, elas sempre me parecem chatas, falsas e sem-graça ( salvo poucas ), então, esse poste parecia a concretização de tudo o que eu queria há algum tempo.
Ele era legal, não respondia, mas eu sentia que entendia tudo o que eu filosofava, e de uma maneira que não sei como, ele dava a entender que entendia. Mas era um poste, um poste! Qual utilidade tem um poste ? Não é conversar com qualquer maluca que para e começa a falar.
Foi então que as outras coisas começaram a ser meus alvos. Comecei a conversar com tudo quanto era objeto, sem perceber, começava do nada a falar e não me calava até uma parada natural ou por algum outro motivo.
Friedrich, o poste, ainda era o mais especial de todos os seres inanimados que eu fazia amizade.
Me pergunto se tem algo de errado comigo, porque vejo tanta graça em conversar com tudo que não é vivo, porque de uns meses até aqui, as coisas se tornaram vivas pra mim.
Enfim.

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